O ritmo da manhã chuvosa deste sábado (28) foi ditado pelos tambores no centro de Pelotas. A comunidade afro-umbandista promoveu uma caminhada contra a intolerância religiosa e a favor da paz. O movimento reuniu dezenas de pessoas e emocionou muita gente durante o percurso.

Os religiosos se reuniram às 9h30min no Altar da Pátria, na avenida Bento Gonçalves. Lá cantaram pontos da umbanda e realizaram falas antes de iniciar o trajeto. Logo em seguida, escoltada por agentes de trânsito, a marcha seguiu pela rua Padre Anchieta e parou na Catedral São Francisco de Paula. Todos entraram e rezaram, em um momento de grande emoção. As crianças deixaram flores brancas no altar como um símbolo de união entre as religiões. "É o mesmo Deus pra todos nós", destacaram os umbandistas.

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Na sequência, o ato tomou o rumo do centro da cidade. Aplausos, cantos, orações e até mesmo arremesso de flores de prédios do entorno marcaram a manhã de fé. No Calçadão da rua Sete de Setembro, mais um momento de união. Preces de mãos dadas no entorno do chafariz antes de partir para o destino final: a prefeitura.

A exemplo do que aconteceu em Rio Grande no fim de setembro, a passeata deste sábado serviu também como protesto e denúncia de atos discriminatórios contra os povos de matriz africana. Em vários lugares, especialmente na região Sudeste, terreiros foram invadidos e imagens destruídas. Vídeos com o vandalismo e o desrespeito viralizaram na internet. Para um dos organizadores do movimento em Pelotas, Carlos Alberto Pereira, o objetivo principal da manifestação foi alcançado. "Mostramos pra comunidade que a umbanda é paz, amor e caridade. Lutamos pelo livre direito de expressão religiosa."